Aeronaves Sustentáveis: Como Alugá-las e Utilizá-las?

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Adequar-se ao futuro, contribuir na preservação do meio-ambiente e facilitar a locomoção de pessoas entre cidades e países é o objetivo conjunto de operadores, fabricantes e de toda a sociedade.

Poucas áreas possuem evoluções tão significativas e revolucionárias quanto a aviação. No surgimento das ligações aéreas comerciais, com maior expressividade no período pós II Guerra Mundial, as aeronaves utilizadas por novas empresas, transportando passageiros em linhas regulares ou em serviços aéreos privados, eram advindas especificamente por equipamentos utilizados anteriormente por forças aéreas de diversas partes do mundo para transporte de tropas e materiais. Nesse sentido, o icônico Doulgas DC-3 fora utilizado largamente nestas linhas, e diversas grandes empresas que hoje existem tiveram como primeiro tipo na frota essa aeronave, considerada como uma das mais versáteis e robustas da história.  

O voo a jato tornou-se parte da realidade da população por conta do  processo de substituição de aeronaves movidas com motores à pistão e  turbo-hélices, à época consideradas lentas, desconfortáveis e obsoletas. Com isso, continentes e países passaram a ser ligados sem escalas, reduzindo o tempo de viagem em até 70% conforme a distância entre origem e destino. Coube ao avião inglês De Havilland Comet, entre glórias e dores, iniciar esse capítulo de enorme expressividade histórica. A integração entre povos e territórios tornou-se mais rápida e a integração logística fora enormemente facilitada.  

Força Tarefa: Impulsionando o Desenvolvimento de Aeronaves Sustentáveis a Partir Do Problema

Como parte do processo natural de qualquer revolução, tal crescimento trouxe também enormes dificuldades: estima-se que 16 bilhões de toneladas de CO2 foram emitidas ao longo das últimas duas décadas. Considerando a história das linhas aéreas desde o Pós II Guerra Mundial, este número torna-se ainda maior, com 35 milhões de toneladas de CO2 emitidas. 3,5% do impacto causado pela atividade humana no aquecimento global é oriundo da atividade da aviação civil. O crescimento da frota mundial, especificamente no continente asiático, contribuiu para o crescimento exponencial do impacto ambiental.  

Nesse sentido, assim como a aviação a jato surgiu como uma das mais  expressivas revoluções da indústria, os impactos ambientais oriundos do crescimento da atividade aérea passaram a ser fruto de preocupação diante das consequências climáticas e ambientais que preocupam a sociedade e as autoridades do mundo todo, gerando o início de outra revolução que transformará a forma pela qual nos deslocamos em voo. Grandes fabricantes e nomes renomados da indústria aeroespacial iniciaram uma corrida contra o tempo no sentido de desenvolver, com a mesma excelência já conhecida da aviação nos moldes atuais, aeronaves que possam utilizar combustíveis sustentáveis ou até mesmo energias renováveis em seus voos.

Com a assinatura da Declaração de Glasgow para a ação climática no  turismo, documento que reconhece a necessidade de ações mitigadoras de  efeitos de mudança de clima e ecossistema e cujos signatários somam mais de 300 entidades, tal processo dentro tornou-se ainda mais necessário e veloz, especialmente considerando o prazo de diminuição de emissão de  gases nocivos, fixado para o ano de 2030.  

Flapper: Rumo à Sustentabilidade  

Aeronaves já conhecidas também podem ser adaptadas à nova realidade de  eficiência energética. É o caso do Cessna Caravan (C208). Uma das aeronaves mais versáteis da aviação mundial, conhecida por sua robustez e confiabilidade, passará a voar com um grupo moto-propulsor totalmente elétrico. Trata-se de um projeto exclusivo da Flapper junto à empresa norte-americana MagniX, que prevê a conversão de 20 aeronaves Cessna Grand  Caravan para elétricas até o ano de 2024. Segundo Paul Malicki, CEO da Flapper, a economia proporcionada pela adoção de motores elétricos tende a abrir espaço para uma enorme parcela da sociedade que não tem acesso a serviços aéreos por conta do alto custo praticado. Os Cessna Caravan serão equipados com motores magni650, desenvolvidos exclusivamente para a aeronave da Cessna.

Cessna Grand Caravan elétrico

Brasil: Vanguardista Na Era da Aviação Sustentável 

Em esforço combinado entre Brasil e Estados Unidos, Embraer e Pratt &  Wittney firmaram acordos cooperativos no desenvolvimento de soluções e  motores 100% movidos com combustíveis sustentáveis. Desenvolvimento,  testes e execuções serão voltados à família de aeronaves executivas da empresa, como os modelos Legacy 450 e 500, além da família de jatos E2, que atendem tanto a aviação executiva quanto a aviação regular de passageiros. O esforço cooperativo no desenvolvimento da nova família de aeronaves e motores trará como objetivo alcançar uma diminuição de até 80% de emissões de gases estufa. 

Interior Legacy 450

Na Europa: O Treinamento Pensa No Futuro 

Do outro lado do Atlântico a RAF (Royal Air Force), a força aérea real britânica, já utiliza a energia renovável: o ultraleve Ikarus C24, que será utilizado para o treinamento básico inicial de militares e, futuramente, de pilotos civis, pode ser visto com frequência nos céus britânicos. O seu motor é propulsionado com um tipo único de combustível, produzido a partir  da extração do hidrogênio da água e carbono do CO2 encontrados na atmosfera. O combustível possui uma produção totalmente industrial, o que aumenta a sua eficiência de produção, já que não depende de plantio de matérias orgânicas ou da extração de qualquer tipo de produto que demande tempo e infraestrutura custosas. Ou seja: podendo ser produzido em fábricas comuns, inclusive instaladas em áreas urbanas, a eficiência de abastecimento e de fornecimento torna-se mais rápida. Com menor custo, a democratização do uso de aeronaves para diversos fins torna-se ainda mais  real, em qualquer local do globo.

Ikarus C24

Regulação de Aeronaves Sustentáveis: Desafios a Serem Vencidos  

No Brasil os passos dados em direção à sustentabilidade já foram dados. Com acordo firmados entre empresas aéreas, táxis aéreos e operadores  privados junto às empresas desenvolvedoras de tecnologia aeroespacial, aeronaves leves de transporte de passageiros 100% elétricas estão próximas de se tornarem parte do cotidiano da sociedade. Os esforços da Flapper junto à MagniX, que comentamos anteriormente, se somam a acordos já firmados junto à Embraer para o início de operações com 25 veículos elétricos eVTOL produzidos pela Eve, subsidiária da fabricante brasileira. Com a utilização destas aeronaves, o mercado poderá usufruir de um produto com zero emissão de gases nocivos ao meio-ambiente, baixo ruído operacional, rapidez e conforto. A operação técnica destas aeronaves será simples e intuitiva, tornando a carga de trabalho de seus pilotos muito menor em relação aos demais projetos da categoria. Nesse sentido, provas de conceito em simuladores estáticos já foram iniciados, acelerando a entrada dos eVTOL em operação.

eVTOL

O projeto prevê mais de 25.000 horas de voo utilizando as aeronaves totalmente elétricas nas principais cidades da América do Sul como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Santiago do Chile e Bogotá, na Colômbia. Com isso, torna-se possível ligar grandes centros urbanos à  cidades menores com a segurança da aviação de asa fixa aliada à redução  de custos, eficiência energética e especialmente otimização de custos por  hora voada. A expectativa da Embraer é de certificar o modelo ainda nos  próximos anos. Ensaios em esforços cooperativos junto à ANAC (Agência  Nacional de Aviação Civil) e ao DECEA (Departamento de Controle do  Espaço Aéreo), contando ainda com a participação de entidades internacionais ligadas ao setor aeroespacial.

O futuro já chegou. Conte com o pioneirismo da Flapper para desfrutar e  conhecer a nova revolução da indústria aeronáutica mundial! 

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