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Se por um lado o mercado de aviação de negócios no Brasil agora que começa a dar sinais de retomada, por outro há muito que se comemorar em nível mundial. A GAMA (General Aviation Manufacturers Association) divulgou os resultados dos primeiros nove meses de 2019.
Os números indicam que a entrega de jatos executivos na aviação mundial cresceu 15,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Em 2019 (até setembro) foram entregues 516 unidades, contra 447 de 2018. Outro segmento da aviação de negócios que apresentou uma evolução de destaque foi o de aeronaves a pistão, que registrou um aumento de 12,3%. No entanto, a área de turboélices sofreu. De janeiro a setembro de 2019, o mercado sofreu uma queda de 11,6%: 395 unidades em 2018 contra 349 este ano.
No total, foram 1.742 jatos executivos nesses três trimestres, contra 1.623 no mesmo período do ano anterior, o que significa um aumento de 7,3%. Em valores, o resultado também foi expressivo: US$ 14 bilhões contra US$ 12,8 bilhões do ano passado.
Esses dados indicam que 2019 deve registrar resultados mais expressivos que 2018, quando o número de entregas mundiais da aviação geral cresceu 5%, passando de 3.293 em 2017 para 3.463 aeronaves no ano passado. Este aumento ocorreu em todos os tipos de aeronaves da aviação geral, sendo que as com motores a pistão, as mais vendidas em volume (1.139); e os turboélices, com o maior aumento percentual (7%) em 2018.
Os números expressivos são reflexo da venda de jatos maiores, renovação da frota e também da ascensão de novos modelos de negócios dentro do táxi-aéreo e da propriedade compartilhada.
Mercado brasileiro
A aviação geral é fundamental no desenvolvimento do Brasil, pois estabelece conexões que dinamizam os negócios nos 5.568 municípios do país. Desses, menos de 2% são atendidos pela aviação comercial, o que mostra a importância da aviação privada, executiva e regional para o país. Mais do que um instrumento de lazer, ela funciona como uma ferramenta de negócios.
De acordo com o Anuário Brasileiro de Aviação Civil – 2019, atualmente, a frota brasileira de aviação geral conta com cerca de 7.800 aviões e helicópteros em atividade, sendo 610 jatos, 1.130 turboélices, 1.160 helicópteros, e aproximadamente 4.900 aeronaves com motores a pistão, distribuídas entre os táxis-aéreos de passageiros, carga e de serviços aeromédicos, operadores privados, instrução de voo e os prestadores de serviços aéreos especializados.
Com a estagnação do país nos últimos anos, aviação geral entrou em um período conturbado. Porém, o segmento apresentou crescimento na frota em algumas regiões do Brasil como o Centro-Oeste e o Nordeste, muito por conta do agronegócio. O mercado também recebeu novos modelos de negócios e investimentos no setor de aviação executiva.
Uma deles são os jatos executivos “compartilhados”, sob modalidade de linha aérea boutique. Conectando os aeroportos (e helipontos) indisponíveis na aviação comercial, empresas como a Flapper aumentam efetivamente o tamanho do setor e o uso da capacidade da aeronave. O Brasil possui pelo menos 20 aeroportos que podem ser servidos pelo serviço compartilhado “Premium” (aviões Pilatus, King Air ou Phenom) e mais de 150, que podem ser conectados ao serviço de aviação regional baseado no Caravan Grand ou Twin Otter. Os desafios para 2020 incluem integração de tecnologia ao mercado de viagens corporativas e busca de otimização de custos. Exemplos de projetos atualmente discutidos pela Associação Brasileira de Táxis Aéreos e de Manutenção de Produtos Aeronáuticos incluem melhoria de tarifas de combustível, descontos na importação de peças de aeronaves ou o projeto de “táxi aéreo indivíduo”, facilitando a alguns requisitos de certificação para proprietários privados.
Vale a pena destacar que São Paulo é o estado com maior concentração de jatos no país, com 606 unidades em 2018, seguido pelo Rio de Janeiro, com 177. A cidade concentra o maior número de helicópteros do mundo, com mais de 450 unidades, segundo a Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero. Com mais de 25 helipontos usados no dia a dia e a frota mais moderna do mercado, a cidade serve como base para as empresas que tentam ser disruptivas no setor existente (Flapper e Avantto), além de players tradicionais, que investem pesadamente no setor, como Voar (antiga Icon – táxi aéreo) ou JHSF – Aeroporto de Catarina.